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Parecia mentira…

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            *José Renato Nalini

…mas era verdade! O Pantanal estava pegando fogo!

Ninguém acreditaria que a região que leva no nome a sua principal característica, ser parcialmente coberta por água, pudesse incendiar-se. Mas o impossível costuma acontecer no Brasil. Não é acaso, nem ocorrência natural. É o bicho-homem, animal cruel, ambicioso e ignorante. Ele não se convenceu de que a Terra é o único habitat com o qual pode contar e, de forma inclemente, a destrói a cada dia.

Como a Amazônia é o bioma com que o planeta mais se preocupa, demorou a cair a ficha sobre os incêndios no Pantanal. Eles foram eternizados na objetiva de Lalo de Almeida, fotógrafo que ganhou a categoria Meio Ambiente do World Press Photo, o Óscar da fotografia.

Emocionou a todos a foto de um bugio ajoelhado e carbonizado num solo devastado. Lembrava uma criança e isso fez com que até os insensíveis se impressionassem. A polícia federal concluiu que a origem do fogo foi criminosa. Pecuaristas querendo ampliar área de pastagem.

As fotografias integram a arte da verdade. Diante da câmera, não há como fugir à realidade. O fotógrafo nunca mais vai esquecer a destruição que queimou ninhos, inibiu o voo das aves, antas e cervos a fugirem e a enfrentarem chamas, brasas e fumaça. Mortandade geral.

O espetáculo era terrível, porque as chamas lembravam o ronco de um possante avião. Irreparável o prejuízo. Nunca se contabilizará o que significa a perda da biodiversidade, a eliminação de espécies, o solo carbonizado, que nunca mais será o mesmo.

Este 2021 está marcado pela pandemia, porém é também o ano em que as chuvas diminuíram, consequência do desmatamento da Amazônia. Março foi um dos meses em que menos choveu, abril também e logo se entrará no período de estio. As represas que abastecem São Paulo estão abaixo dos limites. Pior até do que em 2014, aquele trágico ano de falta d’água. Enquanto isso, a eliminação da floresta prossegue incessante, sem cobro e sem punição para os criminosos que exterminam o amanhã de nossas crianças.

 

*José Renato Nalini é Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Presidente da ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS – 2021-2022.

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