O privilégio de envelhecer
Mais uma primavera é chegada
Memórias vão se registrando como tinta em tela bem pintada
O tempo me encara como uma bela fera
Devorando com pressa os anos que outrora eu vivera
Qual o sentido de chegar aos quarenta e quatro
Se não sentir os prazeres da vida de fato?
Amar com a devida entrega natural
Sempre será o doce tempero passional
A vida me faz por vezes errante e certeiro
É um jogo de erros e acertos, porém efêmero
Construindo pontes me mantenho austero
Até a hora da chegada do momento derradeiro
Sagrar-se homem verdadeiro
Não depende de terceiros
Nem vender-se por dinheiro
Tem que ser por inteiro, cortês, nobre e cavalheiro
Rendo-me aos dias que me restam
Talvez anos, não tenho pressa
Mas o tempo, implacável em sua missão
É a locomotiva apressada da evolução.