ARNON GOMES – ARAÇATUBA
Quase um mês após a aprovação pela Assembleia Legislativa de São Paulo, a vigência da lei que permite a venda, propaganda e consumo de bebidas alcoólicas em eventos esportivos nos estádios de futebol e arenas localizadas no Estado ainda é uma incerteza. Para que a norma de sua autoria valha, o deputado estadual Itamar Borges (MDB) se lançou a uma verdadeira batalha. Ontem, em entrevista ao jornal O LIBERAL REGIONAL, o parlamentar disse que intensificou o diálogo com setores da Procuradoria Geral do Estado a fim de defender a legalidade da medida.
O órgão apontou ao governador João Doria (PSDB) que a matéria é inconstitucional. Borges, que veio a Araçatuba na condição de presidente da Comissão da Agricultura do legislativo paulista, afirmou ter conseguido uma segunda avaliação da proposta. Segundo ele, a procuradora Lia Porto, que analisara o texto anteriormente, solicitou parecer a um segundo procurador. Caso o entendimento pela ilegalidade seja mantido, Itamar lançará estratégias políticas.
O emedebista disse que irá articular, no parlamento, para que seja derrubado eventual parecer pela ilegalidade do Executivo. Isso, mesmo sendo o MDB um partido da base de sustentação de Doria. Hoje, Itamar é líder da bancada de seu partido no Palácio Nove de Julho, que tem três deputados.
ENTENDIMENTO
Como já discursara na assembleia, o deputado disse, mais uma vez, que, em caso de veto, a restrição valerá apenas em São Paulo. “Fiz um levantamento e constatei que a liberação existe em 14 Estados. E, no caso, não há possibilidade nenhuma de isso ser sinônimo de aumento da violência. Aqui a torcida é única nos estádios. E pior: proibindo, o Estado estará favorecendo um comércio clandestino. Por que? Hoje, a venda ocorre em aos estádios, com o pessoal do isopor, sem qualquer permissão legal”, argumentou.
Para Itamar, uma eventual proibição poderá representar um gargalo para a vinda de eventuais esportivos de grande proporção. E ressaltou que, ao propor a matéria, pensou nos clubes de pequeno porte do Interior. “Em muitos clubes, a renda obtida no bar ajuda a pagar o salário de quatro a seis atletas”, afirmou o deputado, que, apesar de ser de Santa Fé do Sul, tem atuação política na região de Araçatuba.
Ele encerrou a entrevista, dizendo que, por essa razão, conta com apoio dos clubes na defesa do projeto. Segundo o deputado, representantes de cerca de 400 times de futebol assinaram abaixo-assinado pela aprovação do texto.