ARNON GOMES – ARAÇATUBA
A secretária municipal de Saúde, Carmem Silvia Guariente, terá de comparecer à Câmara nos próximos 15 dias para prestar esclarecimentos aos vereadores sobre ações do município no combate ao novo coronavírus.
A convocação foi proposta pelo vereador Flavio Salatino (PV) e aprovada por ampla maioria dos parlamentares na sessão da noite da última segunda-feira. Foram 13 votos favoráveis e apenas um contrário: da presidente do Legislativo, Tieza Marques de Oliveira (PSDB).
No documento, o representante do Partido Verde sugere que, além de questões relacionadas à saúde, a titular da pasta também aborde a aplicação de recursos financeiros, compra de materiais e outros insumos para o tratamento dos pacientes com covid-19.
Como o regimento interno da Casa prevê o comparecimento de secretários em, no máximo, 15 dias após a convocação, Carmem poderá fazer sua explanação até a sessão de 22 de junho.
PREOCUPAÇÃO
A convocação de Carmem ocorre no momento em que a cidade começa a ter um crescimento acentuado de casos relacionados à doença.
Conforme boletim epidemiológico divulgado diariamente pela Prefeitura, entre segunda e terça-feira desta semana, a cidade registrou 15 novos casos confirmados de coronavírus.
Dessa forma, desde o início da pandemia, 226 pessoas já testaram positivo para a covid na cidade. O último balanço mostra ainda que 81 pessoas aguardam o resultado de exames, 19 estão internadas e oito morreram, sendo a última delas anteontem: uma mulher de 54 anos.
Desde o último dia primeiro, estão em vigor, na cidade, as medidas de flexibilização da quarentena, com retomada gradual da atividade econômica, anunciadas pelo governador João Doria (PSDB) para o município. Com isso, comércio e shoppings centers puderam retomar o atendimento à população.
Médico de profissão, o autor do pedido de convocação da secretária de saúde avalia que o crescimento dos casos já era esperado por causa da flexibilização. Mas, faz uma ponderação: “Sou favorável (à flexibilização), pois precisamos manter nossas vidas”, diz ele, referindo-se à necessidade de voltar ao trabalho por parte da população. “A grande questão é a conscientização da população em se proteger: máscara, água e sabão, álcool gel, distanciamento etc”, completa o vereador, referindo-se aos itens considerados essenciais para a prevenção, segundo os profissionais da área médica.
QUESTIONAMENTOS
Com a presença da secretária, a expectativa é de que muitos dos questionamentos apresentados pelos vereadores recentemente sejam debatidos. Até a última sexta-feira, a pandemia já tinha motivado mais dez requerimentos aprovados no Legislativo, com pedidos de explicações sobre o enfrentamento da doença à gestão do prefeito Dilador Borges (PSDB).
Os requerimentos abordaram desde questões relacionada à saúde como testes rápidos, passando pela estrutura de atendimento, à utilização de recursos financeiros destinados ou recebidos para ações preventivas.
Numa das respostas já encaminhadas ao parlamento, em requerimento de autoria do vereador Arlindo Araújo (MDB), a administração municipal informou que, somente até o começo do mês, já desembolsou R$ 2.736.571,45, em contratações emergenciais, sem processo licitatório, para atendimento ao covid-19. Na lista, consta a aquisição de luvas, máscaras, aventais, testes rápidos, entre outros itens.
De acordo com a Câmara, há mais dois requerimentos protocolados à espera de votação. São os pedidos do vereador Lucas Zanatta (PV), que cobra do Executivo informações sobre os critérios utilizados para a determinação do horário de funcionamento do comércio; e de Arlindo, sobre materiais recebidos por empresários para o enfrentamento da pandemia.
Estado registra 9,5 mil óbitos e 150,1 mil casos de covid
O Estado de São Paulo registrava, até ontem, 9.522 óbitos e 150.138 casos confirmados pelo novo coronavírus. Entre as pessoas diagnosticadas com a covid-19, 28.787 mil foram internadas, curadas e tiveram alta hospitalar.
Dos 645 municípios paulistas, houve pelo menos uma pessoa infectada em 562 cidades, sendo 299 com um ou mais óbitos. As taxas de ocupação dos leitos de UTI são de 74,1% na Grande São Paulo e 66,8% no Estado. O número de pacientes internados é de 12.554, sendo 8.073 em enfermaria e 4.481 em unidades de terapia intensiva.
Perfil da mortalidade
Entre as vítimas fatais estão 5.501 homens e 4.021 mulheres. Os óbitos continuam concentrados em pacientes com 60 anos ou mais, totalizando 73,1% das mortes.
Os principais fatores de risco associados à mortalidade são cardiopatia (58,2% dos óbitos), diabetes mellitus (43%), doenças neurológicas (11,3%) doença renal (10,3%), pneumopatia (9%). Outros fatores identificados são obesidade (6,8%), imunodepressão (6,6%), asma (3,2%), doenças hematológica (2,2%) e hepática (2,1%), síndrome de Down (0,4%), puerpério (0,1%) e gestação (0,1%). Esses fatores de risco foram identificados em 7.674 pessoas que faleceram por covid-19 (80,6%).
