Foram 472 dias, o equivalente a um ano, três meses e 17 dias de dor, angústia e a sensação de impunidade. Assim era o sentimento da comerciante Eliane Negrelli, que foi atropelada e prensada por uma caminhonete em frente ao depósito de bebidas que era dona em Buritama, na região de Araçatuba. O autor, Isac Alexandre Gaspar Pinto, era considerado foragido até essa quinta-feira (12). Mas, após o recebimento de uma denúncia anônima, o investigado foi preso no município de Rio Verde, no estado de Goiás.
A prisão foi realizada por policiais civis do primeiro Distrito Policial de Rio Verde, sob a coordenação do delegado Mauricio Antonio de Oliveira Santana. À reportagem, ele contou que a detenção foi possível após o recebimento de uma denúncia anônima, dando conta que o empresário estaria no município.
Com essas informações, as equipes foram até uma loja de móveis rústicos, onde encontraram Isac e deram cumprimento ao mandado de prisão preventiva que estava em aberto desde agosto do ano passado. Segundo apurado pela reportagem, o indiciado seria sócio do estabelecimento comercial e trabalhava normalmente no local.
O empresário foi encaminhado para a delegacia do município. Ele será apresentado ao Fórum de Rio Verde e deverá ser transferido para alguma unidade prisional do estado de São Paulo. Se condenado, poderá cumprir até 30 anos de prisão pelo crime de tentativa de homicídio qualificado.
O ATAQUE
Segundo a polícia, a ação teve início pouco mais da meia noite de um sábado, dia 25 de agosto de 2018. O acusado e a esposa estavam dentro do comércio da vítima quando começaram uma discussão com um grupo de amigos. O acusado ficou bastante exaltado.
Para evitar mais confusão, a proprietária do depósito decidiu fechar o estabelecimento. O autor ficou indignado com tudo aquilo, foi até a área externa e começou a atirar pedras contra a porta de vidro do local, na tentativa de quebrá-la.
Não satisfeito, o indiciado entrou em sua caminhonete F250 e a jogou contra a fachada da adega, causando muitos estragos. Na sequência, ele engatou a marcha ré e pela segunda vez jogou o veículo contra o prédio e nesse momento a dona entrou na frente e tentou impedir o ato, quando foi atropelada e prensada contra a parede.
A parte da frente da adega ficou destruída. Além do vidro da porta ter sido quebrado, o motorista ainda derrubou parte da parede com o impacto. Após o crime, Negrelli teve que ser transferida para a Santa Casa de Araçatuba, onde permaneceu internada por vários dias. Ela realizou diversas cirurgias, já que sofreu várias fraturas.
VIDA ATUAL
A reportagem falou com o marido de Eliane, Sérgio Negrelli. Atualmente, a família mora em José Bonifácio, na região de São José do Rio Preto. A notícia da prisão do empresário foi comemorada com muita alegria e ao mesmo tempo como se um filme tivesse passando novamente.
“A gente estava voltando de Fernandópolis quando ficamos sabendo. Ficamos muito felizes e a Eliane chorou bastante”, contou por telefone.
Hoje, a vítima já consegue andar, mas ainda sente muitas dores nos joelhos. A fisioterapia é realizada constantemente, mas mesmo assim, a comerciante sofre algumas quedas por conta do ocorrido. “Semana passada mesmo tivemos que ir para o pronto-socorro, porque ela caiu dentro de casa”, revelou o marido.
Além das sequelas físicas, Eliane também faz acompanhamento psiquiátrico após tudo o que aconteceu. A família já tinha até mesmo perdido a esperança de que a prisão do autor pudesse acontecer e foi surpreendida. “Agora, vamos esperar que se faça justiça. É isso que esperamos depois de tudo o que passamos. O importante é que a Eliane está com a gente, viva”, finalizou.