ARNON GOMES – ARAÇATUBA
“Os 67 anos do presépio de Sr. José e Dona Aparecida
“São Francisco de Assis, protetor dos pobres e dos animais
Ele lutou com amor pela justiça e paz
Pela preservação da natureza, cuidou dos animais
Com sabedoria e muita luz
Ele criou o primeiro presépio, o nascimento de Jesus
Representando a Sagrada Família
Jesus, José e Maria
Os três reis foram os primeiros a visitar
Gaspar, Belchior e Baltazar
Ainda mantém viva a velha tradição
Com muitos devotos, com grande devoção
Com as graças de Deus e São Francisco de Assis
Todo final de ano montando o presépio são muitos felizes
Eu sou feliz e muito feliz
Sou devoto de São Francisco de Assis
Um velho ditado que diz
Nunca é tarde para ser feliz
Eu digo viva, viva! São Francisco de Assis”
Os versos acima são de José Valentim, 74 anos, de Araçatuba. Pedreiro aposentado, já há algum tempo, ele se dedica à poesia. Integra o Grupo Experimental da Academia Araçatubense de Letras e, em seus textos literários, com muito carinho, já reverenciou Araçatuba, cidade onde mora há 40 anos, completados no último dia 19 de julho.
Só que, em “São Francisco de Assis”, texto reproduzido nesta reportagem, ele faz homenagem a Giovani Di Pietro de Bernadoni, nome do santo que viveu entre 1182 e 1226 e foi o criador dos presépios. O motivo é especial. Aos 80 anos de idade, sua esposa, Aparecida Gonçalves da Silva, é exemplo concreto de pessoa que se dedica a uma tradição que se renova a cada Natal: a construção de presépios.
Tudo começou quando dona Aparecida tinha apenas 17 anos idade. Na época, ela morava em Birigui, onde nasceu a 3 de março de 1940. A pedido de seu pai, João Gonçalves Silva, ela começou a fazer a representação que remete ao nascimento de Jesus Cristo, na companhia de São José e da Virgem Maria. Desde então, não parou mais. “Isso nunca faltou em nosso Natal. Todos os anos, sempre montei”, diz ela, que era empregada doméstica.
Católica praticante, assim como o marido, ela manteve a lição passada por seu pai mesmo depois de casada. A união de dona Aparecida e Sr. José foi oficializada na Igreja Matriz de Birigui em 30 de dezembro de 1972 – portanto, está perto de completar meio século. Desde então, o esposo é o principal companheiro na montagem dos presépios.
Não é à toa que este andradinense de fala mansa é um dos maiores entusiastas da valorização dessa tradição natalina. “Ela (minha esposa) começou no ano de 1957. Em 63 anos, nunca deixou de montá-lo”, destaca. O trabalho é feito na residência do próprio casal, localizada num bairro de nome inspirador para esta família cristã, Nossa Senhora Aparecida.
Ele conta que, no começo, o trabalho era bem simples. “Mas, nos últimos dez anos, melhorou”, conta o idoso. Segundo ele, neste ano, o presépio ocupa um espaço de dois metros e 80 centímetros.
A estrutura avançou, mas o respeito à tradição permaneceu. A organização respeita os cinco mistérios gozosos. No primeiro, a anunciação à Virgem Maria. No segundo, a visitação de Maria à sua prima. No terceiro, o nascimento de Jesus. No quarto, o nascimento de Jesus e a purificação de Maria. No quinto, o encontro de Jesus no templo com os doutores da lei.
Para 2020, eles acrescentaram um bonequinho, representando o pescador.
PROSPERIDADE
Após um ano difícil, marcado por muitas perdas em decorrência da pandemia de covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus, o desejo do casal é para que as festas de fim de ano tragam muita prosperidade e união. “Pedimos ao menino Jesus um próspero Natal e um feliz ano novo. Que Jesus e a Sagrada Família acabem com essa pandemia”, finalizam.
