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O difícil debate com os donos da verdade

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*Marcelo Teixeira

Quem está com a razão, Moraes ou Musk, lulopetistas ou bolsonaristas, israelenses ou palestinos, situação ou oposição? Os donos da verdade têm certeza que a razão está indubitavelmente com eles, que sempre estiveram entre nós, mas, em grande parte ficavam escondidos, com vergonha de externar as suas convicções preconceituosas e mesmo pseudocientíficas ou baseadas em convenientes interpretações tortas da lei. Nos últimos tempos, eles vieram à tona impulsionados pela certeza de que podem questionar desmedidamente, desrespeitar, ofender, violentar direitos.

Em tempos de polarização política, disseminação de fake news e de pós-verdade, debater com essas pessoas é tarefa ingrata e desafiadora. Este fenômeno não se limita apenas às questões políticas, estendendo-se a áreas econômicas, sociais, culturais e até mesmo a assuntos considerados triviais. A postura de quem se coloca como detentor absoluto da verdade tem impactos significativos nas relações interpessoais, tanto no âmbito profissional quanto no pessoal, uma vez que essa postura muitas vezes não admite qualquer forma de controvérsia diante das suas convicções.

Uma das características marcantes dos donos da verdade é a sua obstinação em impor as suas opiniões e crenças, muitas vezes sem levar em consideração evidências ou argumentos contrários. Esse comportamento dificulta qualquer tentativa de diálogo construtivo e aberto, pois a pessoa tende a encerrar a discussão de forma abrupta, não permitindo espaço para diferentes pontos de vista.

No âmbito profissional, lidar com colegas ou superiores que se comportam como donos da verdade pode criar um ambiente tóxico e pouco produtivo. A falta de abertura para o debate e a busca por soluções colaborativas prejudicam a inovação e o desenvolvimento de novas ideias. Além disso, a hierarquia dentro das organizações pode reforçar esse tipo de comportamento, tornando ainda mais difícil questionar as opiniões daqueles que estão em posições de poder.

Nas relações pessoais, a presença dos donos da verdade tende a gerar conflitos constantes e desgastar os laços afetivos. A incapacidade de aceitar o outro como legítimo detentor das suas próprias convicções leva a discussões infrutíferas e a um clima de hostilidade e desconfiança. O diálogo se torna um campo minado, em que qualquer divergência pode ser interpretada como uma ameaça à autoridade ou superioridade da pessoa que se considera detentora da verdade.

É importante ressaltar que, em uma sociedade democrática e plural, a diversidade de opiniões e a capacidade de debater ideias são fundamentais para o progresso e o desenvolvimento. O respeito mútuo, a escuta ativa e a disposição para considerar diferentes pontos de vista são pilares essenciais para a construção de um ambiente saudável e produtivo, tanto no âmbito pessoal quanto no profissional.

Diante desse cenário, é fundamental cultivar a humildade intelectual (sabe-se lá o que é isso?) e a abertura para o diálogo. Reconhecer que não detemos a verdade absoluta e estar disposto a aprender com o outro são atitudes essenciais para superar os obstáculos impostos pelos donos da verdade. Somente assim poderemos construir relações mais harmoniosas, baseadas no respeito e na busca pelo entendimento mútuo.

*Marcelo Teixeira é jornalista, escritor e membro da Academia Araçatubense de Letras

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