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Sucessão de atropelamentos e descaso da administração revoltam moradores do Santa Luzia

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ANTÔNIO CRISPIM – ARAÇATUBA

O Bairro Santa Luzia é um dos mais antigos de Araçatuba, confinado em uma extensa área entre a Rua Goulart e um condomínio e na frente o sistema Fundados/Araçás. Essa via, sentido centro, é a única alternativa para sair do bairro. Mas os problemas vão muito além. Com o crescimento da zona leste, aumentou o fluxo de veículos, mas não houve investimento no sistema viário na mesma proporção. Com isso, aumentaram os acidentes, o que é agravado pela falta de fiscalização ou de dispositivos que possam inibir o abuso de velocidade. Só este mês, duas pessoas morreram no local.

Muitas das vítimas são moradores antigos, que comemoraram a retirada dos trilhos e a abertura da moderna avenida. No entanto, diante da omissão do poder público, a avenida que era sonhos dos moradores se transformou em via da morte. Hoje muitos moradores já não atravessam a avenida com medo. Em horário de pico, são obrigados a ficar até 10 minutos à espera de uma oportunidade para fazer a travessia.

O aposentado Sérgio Luiz de Andrade, 67 anos, reside no local há 40 anos. Segundo ele, no dia 6 de novembro, por volçta de 14 horas, o prefeito reeleito Dilador Borges Damasceno, que estavam em campanha eleitoral, passou pelo local e foi cobrando quanto à adoção de medidas para reduzir os riscos. No mesmo dia, poucas horas depois, uma mulher foi atropelada e morreu. Menos de três semanas depois, outro idoso morreu. O atropelamento foi na segunda-feira (23). “A omissão é total. Ninguém faz nada”, disse Sérgio Andrade, que defende pelo menos a construção de uma lombofaixa, como tem entre a Praça Rui Barbosa e o Calçadão.

A mulher de Sérgio Andrade, Dalva Andrade, disse que já não tem coragem de atravessar a via e está tentando convencer o marido a vender o imóvel onde moram há décadas para mudar do local.

Outras moradoras, como dona Ivone Rodrigues de Souza, que reside no local há 48 anos e tem um comércio e sua filha, Juliana Rodrigues de Souza, que nasceu naquele local, lamentam o descaso oficial. Dona Ivone já perdeu a conta dos acidentes que presenciou. Segundo ela foram mais de 12 mortes naquele trecho da vida e muito pouco foi feito pelo poder público.

Os moradores disseram que há algum tempo havia redutor de velocidade (tartaruga), mas foi retirado com o recapeamento. Já teve ponto de fiscalização do radar estático, mas há vários anos não tem esse tipo de fiscalização em Araçatuba. Diante deste quadro, o número de acidentes aumentou.

Moradores organizam manifestação para cobrar providências

O policial militar aposentado, Jaques Pétia, um dos líderes do bairro Santa Luzia e crítico da falta de investimentos na mobilidade naquela região da cidade, confirmou à reportagem que está sendo organizado um protesto para sexta-feira no fim da tarde. O objetivo é fechar a avenida para chamar a atenção das autoridades. “Chega de mores e de omissão”, disse Pétia.

Segundo o líder comunitário, são três reivindicações básicas: construção de rotatória no Rua do Goulart com a Fundadores/Araçás, instalação de semáforo de pedestre ou construção de passarela.

De acordo com Jaques Pétia, “não dá para continuar vendo pessoas morrerem sem que a administração municipal faça alguma coisa para minimizar o problema.

 

Falta de fiscalização possibilita abuso de velocidade

Há vários anos Araçatuba está sem fiscalização de velocidade em suas principais vias. Em 2007 entrou em funcionamento um completo serviço de fiscalização eletrônica. Os radares estáticos (mudavam para locais previamente determinados) operavam em quatro avenidas: José Ferreira Batista (continuação da Rua do Fico); dos Araçás; Waldir Felizola e Brasília e posteriormente foi estendido para a Rua Porangaba. Estes radares fiscalizavam velocidade. Já os radares fixos, que fiscalizavam avanço de sinal e de faixa de pedestres foram instalados em nove cruzamentos.

Poucos anos depois o contrato venceu e não foi renovado. Aos poucos este tipo de fiscalização deixou de existir. Outras cidades investiram no controle de velocidade para reduzir os acidentes, como Três Lagoas (MS), São José do Rio Pretos e muitos outros municípios de São Paulo. Com vias bem sinalizadas e fiscalizadas, caiu o número de acidentes.

Mesmo com os exemplos de eficácia da fiscalização eletrônica como inibidor de abusos, Araçatuba não avançou neste sentido. Embora em diferentes momentos o assunto foi comentado, não avançou.

Os agentes de trânsito trabalham apenas com outros tipos de infração e até mesmo as operações de fiscalização tornaram-se menos frentes.

Nessa terça-feira, no final da tarde, duas motos da Polícia Militar ficaram na via, logo após um supermercado. Foi o suficiente para os condutores reduzirem a velocidade.

 

 

DESOLAÇÃO – Moradores se manifestam e revelam revolta com o descaso do poder público

 

 

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