DIEGO FERNANDES – ARAÇATUBA
Medicamentos utilizados como sedativos e relaxantes musculares, muito utilizados em procedimentos cirúrgicos, estão escassos na região e provocando o cancelamento de cirurgias eletivas nos hospitais da região.
Na semana passada, o jornal O LIBERAL REGIONAL divulgou que a Santa Casa de Araçatuba havia suspendido as cirurgias eletivas. O comunicado foi assinado pelo diretor técnico da Santa Casa, Giulio Stanco Coscina Neto e o administrador Mauro Inácio da Silva.
Na ocasião, a justificativa apresentada foi pela importância do tratamento da covid-19, bem como pelo aumento no número de casos de internações e da taxa de ocupação hospitalar.
Por conta disso, apenas cirurgias de emergência provenientes do pronto-socorro estão sendo realizadas no hospital.
Os medicamentos em estoque estão sendo destinados para pacientes de UTI que precisem da utilização de respiradores, sejam eles de covid-19 ou de outras patologias, e com a dificuldade de compra, a reserva destes remédios tem diminuído, obrigando a unidade hospitalar a diminuir os procedimentos cirúrgicos.
Andradina prevê falta
Na área de cobertura do SRC, diversos são os municípios que estão passando pelo mesmo problema. Em Andradina, por exemplo, segundo a assessoria de imprensa da Santa Casa local, apesar da manutenção das cirurgias, há uma expectativa pela falta de medicamentos como anestésicos, por exemplo.
Segundo nota enviada à redação, caso haja um aumento na demanda de internações, haverá falta destes medicamentos no hospital, já que há uma grande dificuldade para compra atualmente.
Os medicamentos anestésicos são muito utilizados na intubação de pacientes que necessitam de ventilação mecânica. Com a concentração de esforços no tratamento da covid-19, boa parte dos medicamentos em estoque nos hospitais acabou sendo destinada para este fim.
Dracena em situação crítica
O município de Dracena é outro que está sofrendo com a falta de anestésicos. O alerta tem sido dado pela Santa Casa desde a semana passada aos gestores públicos e ao Ministério Público.
No último domingo, dia 21, o estoque do Centro Cirúrgico se encontrava em estado crítico, fazendo com que o hospital não tivesse naquele dia a disponibilidade para a realização de cirurgias de grande porte ou de realizar um elevado número de procedimentos de forma simultânea.
A direção da Santa Casa de Dracena fez o pedido aos fornecedores para a compra dos medicamentos no início da semana passada e recebeu a informação de não seriam entregues no prazo estabelecido sob o argumento de escassez de matéria prima para a produção.
Por conta desta informação, o diretor clínico do hospital Adolfo Garcia chegou a comunicar o fechamento do centro cirúrgico do local por tempo indeterminado, mas depois retificou seu comunicado afirmando que cirurgias que não necessitam de anestesia geral ainda estão sendo feitas normalmente.
Estoque em Rio Preto só dura mais duas semanas
Outro município que suspendeu as cirurgias eletivas em sua Santa Casa de Misericórdia foi São José do Rio Preto. “Nós estamos com o nosso estoque bem baixo e estamos preocupados com os pacientes que precisam usar a medicação para Covid-19, UTI e anestesia”, explicou Nadim Cury, provedor da Santa Casa do município, em vídeo divulgado nas redes sociais na última segunda-feira.
Segundo o provedor, a medicação disponível atualmente no hospital vai durar apenas duas semanas e será reservada para casos de urgência e emergência e para pacientes em tratamento contra a covid-19. “Os laboratórios não estão conseguindo dar conta da fabricação de acordo com a necessidade que os hospitais da região de Rio Preto e do Brasil inteiro estão precisando”, afirmou o provedor da Santa Casa.
A direção do hospital rio-pretense protocolou nesta terça-feira um ofício no Ministério Público sobre a falta de medicamentos.
Votuporanga cancelou cirurgias no mês passado
Já em Votuporanga, na região de São José do Rio Preto, as cirurgias eletivas na Santa Casa estão suspensas desde o mês de maio.
O objetivo da suspensão foi direcionar o estoque de relaxantes musculares e sedativos para pacientes em assistência de terapia intensiva. “Direcionamos todo nosso estoque para pacientes em tratamento intensivo que estão em uso de respiradores (tratamento de covid-19 e outras patologias). As medicações afetadas são fundamentais ao processo de intubação. São necessárias para que os assistidos permaneçam sedados enquanto estiverem com os aparelhos”, disse a farmacêutica responsável da Instituição, Selma Riva, em comunicado enviado pela assessoria da instituição.
Selma explicou ainda que o Hospital está em contato com alguns municípios e já recebeu algumas doações de materiais necessários para sedação. “Temos recebido algumas doações de remédios de cidades atendidas, de forma a suprir, ainda que de maneira leve, um pouco do estoque”, complementou.
O provedor da Santa Casa de Votuporanga, Luiz Fernando Liévana, afirmou que há necessidade de uma ação rápida das autoridades de saúde estaduais e federais na reversão dessa situação, que caso permaneça, poderá acarretar um aumento significativo da mortalidade de pacientes que precisam desses medicamentos.
Birigui com estoque em dia
Em nota enviada à reportagem, a assessoria de imprensa da Santa Casa de Birigui informou que a unidade ainda não está com falta de medicamentos em seu estoque.