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Roquinho diz que deputados ‘eleitos pela internet’ são idiotas

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ARNON GOMES – ARAÇATUBA

O Roque Barbiere que chegou ao seu oitavo mandato consecutivo na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, em março do ano passado, apareceu renovado. Sem o bigode que por muito tempo o caracterizou, o único deputado estadual com base eleitoral na região dizia estar arrependido das críticas feitas ao governador João Doria (PSDB) na campanha de 2018. Hoje, é aliado do tucano. Sim, assim como fez com todos os chefes que passaram pelo Palácio dos Bandeirantes nos últimos 30 anos. Mesmo assim, ele se diz contrário à proposta de reforma da previdência estadual enviada por Doria, que deve ser o “grande tema” do começo de ano, segundo Roquinho.

Além disso, ao completar três décadas com cadeira no Palácio Nove de Julho, sede do legislativo paulista, Roquinho conserva outra característica: a de não ter papas na língua. Nesta entrevista ao LIBERAL e à Rádio Clube FM, concedida na última quarta-feira, no Speed Park, em Birigui, dia da visita de Doria ao kartódromo, ele disparou contra os novos deputados que chegaram ao parlamento movidos pelo sucesso nas redes sociais.

Questionado sobre 2019, o primeiro ano da atual legislatura e que ficou marcado por inúmeras trocas de farpas entre parlamentares em plenário, Roquinho foi enfático: “Tem uns idiotas – só uma mixaria – que foram eleitos pela internet que não sabem nada, de nada da nossa função”. Somente de março a dezembro do ano passado, o Conselho de Ética da Casa registrou 21 denúncias ou representações entre colegas por quebra de decoro parlamentar, número recorde.

O antigo político ainda fala sobre a eleição municipal de Birigui, onde tentou se eleger prefeito duas vezes nos últimos 12 anos, mas sem sucesso. E, por fim, aborda as emendas parlamentares. Nove anos após polemizar, dizendo 30% dos seus colegas deputados “vendiam emendas”, o deputado do PTB afirma que faz uso desse tipo de indicação no orçamento para atender os municípios que lhe garantem votos. Leia a entrevista.

 

Quais são suas expectativas para o ano na Assembleia Legislativa?

 

Para o ano que está começando, temos a reforma da previdência estadual, que era para ser votada no final do ano passado. Mas, daí, teve problema na Justiça, problema entre nós (deputados) que nos desentendemos e, então, ficou para fevereiro. Esse vai ser o grande tema e a grande discussão do início do ano: reforma da previdência dos servidores estaduais. O governo mandou um projeto para ampliar o desconto para 14%, prevendo uma economia de R$ 32 bilhões, em dez anos. Na minha opinião, não é justo descontar 14% de todo mundo.

 

Por que?

 

Eu quero, embora não saiba se vou conseguir, que faça um escalonamento. Por exemplo, de quem ganha R$ 2 mil, deixa 11%; de quem ganha acima de R$ 4 mil, passa para 13%. De quem ganha acima de R$ 6 mil, 14%. Daí, até chegar aos mais altos rendimentos, vai dar o mesmo dinheiro que o governo quer economizar e não vamos prejudicar os menos favorecidos. Essa é a ideia minha e de alguns deputados, mas não está prevalecendo. Estamos discutindo isso aí. Espero que vencermos com a ideia do escalonamento. É uma injeção que deve ser dada, mas não com todo mundo. Não acho justo. Os outros companheiros também não acham. Mas há quem ache. Então, está uma guerra a assembleia.

 

Por falar em “guerra na assembleia”, o ano que passou, o primeiro desta legislatura, foi marcado pela turbulência. Como o senhor analisa esse período? É reflexo dessa polarização vivida pela política brasileira?

 

Como chegaram 55 deputados novos (no total, a assembleia tem 94), eu seria desonesto se fosse fazer análise do caráter de cada um. Não dá para fazer. É muito pouco tempo. Agora, que uma grande parte não sabe o que foi fazer lá, isso dá para dizer. Não sabe qual é a função! Muitos se elegeram via internet, não têm compromisso com região, com município, com Santa Casa, com Apae, com creche, com pobre, com trabalhador… com nada. É com whatsapp, youtube… E alguns até assumem que foram lá para criar confusão. Chegou a esse ponto. Então, isso levou alguns deputados a serem denunciados no Conselho de Ética. Houve alguns casos que foram resolvidos. Outros estão sob análise do conselho. Eu acho que um ou dois têm que ser punidos porque ali não é lugar de bagunça. Eu, por exemplo, tenho orgulho de ser deputado; não tenho vergonha. No dia que eu tiver vergonha de ser deputado, eu vou embora para casa. Tem uns idiotas – só uma mixaria – que foram eleitos pela internet que não sabem nada, de nada da nossa função.

 

Por exemplo?

 

Recentemente, veio uma proposta de 5% de aumento salarial para a polícia. Lógico que é pouco, lógico que a polícia merece muito mais, mas nós podemos aumentar? Então, nós votamos a favor ou votamos contra. Daí, eles vão lá, fazem a maior demagogia e criticam todo mundo. Chamam todo mundo de vagabundo, inclusive nós mesmo. Está um clima muito ruim, com discussão sobre ideologia de gênero. Isso é muito ruim. Isso é para pai ou mãe tratar em casa.

 

Neste ano, nas eleições municipais de Birigui, o senhor vai ser candidato a prefeito?

 

Não, não. Esquece, esquece. Meu candidato é o Cristiano Salmeirão (atual prefeito), que vai para a reeleição. Vamos estar juntos, vamos torcer cada vez mais para ele melhorar a cidade de Birigui.

 

Alguma verba para Araçatuba, Birigui e toda a região?

 

Tem, tem. Todas as emendas que fiz, o governo tem pago. E não é pouca, não. É bastante. Para a Santa Casa, só no ano passado, antes da mudança da nova diretoria, eu arrumei R$ 2,5 milhões para a compra do equipamento de fazer quimioterapia. O que tinha lá, com 32 anos de idade, estava sucateado. Neste ano, já há R$ 1 milhão para custeio. Então, a gente vai distribuindo um pouco do que nós temos direito para cada município, aqueles que me elegem. Eu só cuido da minha região; o resto, eu ajudo.

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