Três dias de falta d’água em vários bairros de Araçatuba. Este foi o prejuízo causado aos moradores em virtude de serviços de substituição de redes adutoras feitas pela Samar (Soluções Ambientais Araçatuba). A situação levou o prefeito Dilador Borges (PSDB) a exigir uma revisão no plano de contingência da concessionária, ontem de manhã. A empresa se comprometeu a fazê-lo, durante reunião de seus membros com representantes da agência reguladora Daea (Departamento de Água e Esgoto de Araçatuba), o chefe do Executivo e vereadores.
O transtorno começou no sábado, pegando moradores do bairro Umuarama, em Araçatuba, de surpresa. Perto do horário do almoço, eles reclamavam de falta d’água em pleno fim de semana e em dia de calor. O problema, porém, não atingia só aquela localidade. Era recorrente em todos os bairros vizinhos: Concórdia, Panorama, Alvorada, Pinheiros, Vicente Grosso, João Batista Botelho e condomínios Royal Boulevard e Alphaville.
O incômodo estava ligado à manutenção emergencial para reparo na rede adutora localizada na avenida Odorindo Perenha, no cruzamento com a avenida Umuarama. A manutenção, segundo a Samar (Soluções Ambientais Araçatuba), provocou interrupção da distribuição de água do reservatório Panorama até as 14h.
De outro lado da cidade, problema semelhante ocorria. Mais onze bairros na seca: Jussara, Morada dos Nobres, Esplanada, Ouro Preto, Claudionor Cinti, Clóvis Picoloto, Lago Azul, Iporã, Vila Toscana, Jardim Moreira e Nobreville. Tudo por causa de uma manutenção emergencial também: no caso, no bombeamento do poço profundo que abastece o Sistema Jussara. Inicialmente, a previsão era de que tudo, naquela região, estivesse normalizado, até a manhã de domingo. Porém, o transtorno se estendeu até ontem. Logo no começo da manhã dessa segunda-feira, a Samar distribuía comunicado, informando que os trabalhos ainda continuavam no Sistema Jussara.
No texto, a justificativa da demora: “No final de semana, tivemos que realizar a substituição da bomba do poço que alimenta o sistema porque queimou na última sexta-feira. No sábado, nova peça foi recolocada, porém, não apresentou o desempenho esperado. Um novo equipamento foi instalado e está operando abaixo da capacidade de vazão, conseguindo abastecer, desde ontem (domingo) à noite, os bairros: parcial do Jussara, Ouro Preto, Iporã e Vila Toscana”. Para as 19h de ontem, estava prevista nova troca de bomba, com previsão de normalização do abastecimento durante a madrugada desta terça-feira.
Enquanto a solução não se concretizava, o dia foi marcado por constantes interferências no abastecimento nos bairros Claudionor Cinti, Moreira, Morada dos Nobres, Esplanada, Guanabara, Pedro Perry, Nobre Ville e Lago Azul.
Os moradores só não ficaram totalmente sem água porque, ao longo do dia, três caminhões-pipa atenderam as localidades afetadas. Um veículo ficou em frente ao Corpo de Bombeiros, na rua Lions Clube, no bairro Morada dos Nobres; outro, entre as ruas Antonio Bazarqui Primo e Antonio Eufrásio Toledo, no Claudionor Cinti; e, por fim, em frente à Emeb (Escola Municipal de Educação Básica) Antonio Rodrigues Martins Neto, no bairro Lago Azul.
Ainda no sábado, a concessionária realizou substituição de registro de rede na rua Pedro de Toledo, o que também afetou o abastecimento dos bairros próximos.
Samar fala em ‘fatalidade’; Dilador defende ação emergencial
O problema no sistema de abastecimento do Jussara, que foi mais duradouro, motivou a reunião da manhã dessa segunda-feira no Paço Municipal. Segundo nota enviada pela Prefeitura na tarde de ontem, após várias discussões, a reunião terminou com a exigência da administração municipal do plano de contingência.
“Determinamos, junto à agência reguladora e à Samar, que haja uma revisão no Plano de Contingência e que um novo parâmetro de riscos e providências seja estabelecido para que evitemos outra ocorrência como esta”, disse o prefeito Dilador Borges. “Reconhecemos a responsabilidade da empresa e a qualidade de seus serviços, mas entendemos que esse fato, por mais que tenha sido a primeira vez que aconteceu, deva ser evitado e que haja infraestrutura capaz de prestar socorro emergencial, para que nossa população não fique desamparada.”
O diretor técnico da Samar, Rondinaldo Lima, classificou o ocorrido como “fatalidade”, mas fez previsão otimista. “O plano de contingência foi feito com base no histórico de problemas e capacidades locais e do sistema, mas foi superado por uma sequência de fatores, que ocorreram em ritmo e proporção nunca antes registrada, tanto naturais como de coincidências de falha mecânica, mas não humana. A empresa se responsabiliza por trabalhar intensamente para restabelecer a totalidade do abastecimento e garantirá, já de imediato, a provisão de duas bombas reservas para socorro do sistema”, promete.
ARNON GOMES
Araçatuba