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Da ‘vaquinha’ à economia mensal, o sonho de viajar para fora do Brasil

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ARNON GOMES – Araçatuba

Professora da rede municipal de ensino em Araçatuba, Rosana Moraes de Sousa iniciou, em dezembro do ano passado, um desafio a si própria que, ao mesmo tempo, pode ser visto como a luta por um sonho: juntar dinheiro para ir a Cuba, onde, dos dias 4 a 8 do mês que vem, acontece o Congresso Internacional de Pedagogia.
Para bancar passagens aéreas e de ônibus, hospedagem, visto e despesas pertinentes ao evento, ela calcula a necessidade de juntar, pelo menos, R$ 8 mil. A fim de atingir esse montante, a docente de 41 anos de idade começou a fazer uma “vaquinha” no final de 2018. O esforço, até agora, tem surtido efeito.
Desde 4 de dezembro, a educadora já conseguiu mais da metade do que precisa: cerca de R$ 5,3 mil, obtidos por meio de diferentes ações com o objetivo de arrecadar verbas. A luta continua. “Quem quiser, pode fazer doações. Ainda não encerramos”, diz ela, ressaltando que já gastou aproximadamente R$ 2,5 mil referentes à inscrição no congresso e outras despesas. Não podemos solicitar nenhum tipo de patrocínio em razão do nosso cargo, ou seja como professora e como coordenadora. Contudo, estamos pedindo ajuda como cidadãs”, pondera Rosana.
Ela e a coordenadora pedagógica da rede municipal, Vanessa Moralez Ribeiro Roncato, 36 anos, serão as únicas a representar Araçatuba no evento. Ambas tiveram seus artigos científicos aprovados pelo comitê organizador do Congresso Internacional de Pedagogia, em Havana.
Este evento ocorre a cada sete anos, tendo como organizadores a Unicef e a UNESCO. Participarão os seguintes países: Angola, Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, China, Colômbia; Costa Rica, Cuba, República Dominicana, Equador, Espanha, França, Guatemala, Irlanda, México, Mongólia, Moçambique, Nicarágua, Peru, Portugal, Porto Rico, El Salvador, Turquia, Uruguai, Estados Unidos, Venezuela e África do Sul.

TENDÊNCIA
Esforços como os feitos pelas profissionais da educação municipal vão ao encontro de uma tendência no mercado de intercâmbios: a das viagens universitárias. Conforme reportagem do jornal O Estado de S. Paulo de 26 de junho do ano passado, pesquisa Selo Belta (Associação Brasileira de Agências de Intercâmbio) 2018, realizada com dados de 2017, mostrou que, a cada ano, a graduação sobe no ranking dos dez tipos de intercâmbio mais vendidos. Era a oitava colocada em 2015, passando para a sexta dois anos depois. Pós-graduação, em nível de mestrado ou doutorado, aparece pela primeira vez na lista – décimo lugar; MPA, por sua vez, ocupa a nona posição.
De acordo com a associação de intercâmbios, a busca pelo estudo fora do Brasil está ligada à valorização que as pessoas dão a outra visão de mundo e acesso a laboratórios de ponta em alguns cursos, o que contribui para uma boa formação superior.

 

Garantir fluência em idioma estrangeiro ainda gera maior procura

Apesar das experiências universitárias terem começado a despertar grande interesse, cursos de idiomas ainda são os mais procurados pelas agências de intercâmbios. Nessa seara, também sobram exemplos de verdadeiros lutas para conquistar esse diferencial no currículo.
A jornalista Janaína Ferreira, de Araçatuba, está há três meses nos Estados Unidos para estudar inglês. Ela conta que ir para o outro lado da América era um sonho de menina, atraída pelo desejo de, quem sabe um dia, ser astronauta e conhecer a Nasa – responsável pelo programa espacial civil e de pesquisa aeronáutica e aeroespacial. “Aqui, temos uma diversidade muito grande de idiomas, culturas e lugares incríveis para serem explorados. Então, resolvi unir tudo isso nesta experiência”, conta a profissional de imprensa, que tem 22 anos.
Morando em Ridgefield, estado de Connecticut, Janaína planeja ficar nos Estados Unidos por dois anos, tempo de duração do intercâmbio. Para realizar esse sonho, a jovem custeou, com seu próprio trabalho, aulas de inglês no Brasil. Isso a fez dedicar vários fins de semana aos estudos, abrindo mão de reuniões familiares e com amigos.
Além dos gastos com empresa de intercâmbio, ela também teve despesas com passaporte, habilitação internacional, passagens e hospedagem em São Paulo para o processo do visto e custos com locomoção até à agência orgaa3 intercâmbio1.jpgnizadora da viagem, que fica em Bauru.
“Esse intercâmbio é de trabalho e estudo, no qual você mora com uma família anfitriã e os ajuda com cuidados infantis, recebendo, em troca, um salário semanal, além de um auxílio para estudar aqui”, conta a jornalista, que não esconde a realização com o momento que está vivendo. Vinda de uma família humilde, que, muitas vezes, enfrentou dificuldades para comer e comprar roupas, Janaína conta que seus pais sempre lhe ensinaram a nunca perder a esperança por dias melhores. “Minha mãe dizia que eu poderia ser o que quisesse e eu sempre acreditei nisso. Acho que temos que ir em busca dos nossos sonhos, mesmo que se pareça impossível”, diz.

 

 

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